Portugal é um país riquíssimo em recursos e natureza. Prova disso é a sabedoria dos mais velhos que utilizam plantas no seu dia-a-dia, tanto para cuidar da sua saúde, como nos cozinhados, entre outros. A Fernanda Botelho é uma apaixonada por plantas e dedica a sua vida a este mundo maravilhoso.
Quem é a Fernanda Botelho?
Fernanda Botelho estudou plantas medicinais na Scottish School of Herbal Medicine.
Viveu 17 anos em Inglaterra onde frequentou a sociedade Antroposófica e fez formações em Botânica, Fitoterapia e Pedagogia. Estudou pedagogia Montessori e Waldorf. Fez também o curso de guia de jardim Botânico da Universidade de Lisboa.
É autora de uma coleção de livros infantis “Salada de Flores”, “Sementes à Solta” e “Hortas Aromáticas. Publica anualmente desde 2010 uma agenda de Plantas medicinais, publicou “Uma Mão Cheia de Plantas que Curam”, “As Plantas e a Saúde” e “Ervas que se comem”.
É também coautora de “O meu Herbário de Plantas Medicinais” e “Cosmética Natural”. Organiza passeios e workshops de reconhecimento de plantas medicinais e comestíveis a convite de várias associações, escolas e municípios.
É uma das fundadoras do grupo Sintra sem Herbicidas. Teve uma rubrica na Rádio Clube de Sintra e é convidada regular de vários programas de televisão, sobretudo da RTP1. Escreve sobre plantas medicinais em sites, revistas e nos seus blogs.
Qual é o papel dos nossos avós no conhecimento das plantas?
Tanto a Fernanda Botelho como a Liliana acreditam que os avós são fonte de conhecimento e de testemunho sobre o campo e das plantas que nos rodeiam. É muito importante esse conhecimento das pessoas mais velhas, pois está-se a perder o contacto das crianças com o campo. Por outro lado, também é verdade que com a pandemia as pessoas estão a “voltar” ao campo. “Há um retorno ao campo”, como diz a Fernanda.
Quais são as plantas medicinais que podemos encontrar em Portugal?
A Fernanda começa por revelar qual a sua planta preferida: a urtiga! Embora esta planta seja “mal-amada” é uma planta importantíssima e ajuda em vários problemas. É bastante nutritiva, completa, rica em sais minerais, é muito diurética, ajuda a tratar da gota, pode utilizar-se na alimentação. Para além disso pode ser utilizada para fazer “chorume” que é um fertilizante de urtiga. Utiliza-se também em shampoo, fortalecendo-o, devido ao zinco presente na sua constituição.
Dia Internacional do Fascínio das Plantas
Comemora-se anualmente no dia 18 de Maio e foi criado em 2012 pela EPSO (European Plant Science Organisation). Este dia serve para celebrar a vida misteriosa e fascinante das plantas. Fernanda Botelho conta-nos que celebra este dia todos os anos e que vários amantes de plantas organizam atividades relacionadas com esta sua paixão. Seja através de passeios botânicos, encontros de confrarias, wrokshops, entre outros. É um dia muito interessante, pois agrega todos os amantes de plantas, tornando-se, assim, um dia cheio de atividades e troca de conhecimento.
Não existem plantas daninhas
Durante a pandemia e os confinamentos, foram muitos os que começaram a tomar mais atenção às plantas à sua volta. Foi o caso da Maria (designer) e o Alexandre (fotógrafo) que tiveram a ideia de criar um projeto sobre as chamadas “plantas daninhas” à Porto Design Biennale, convidando também a Fernanda para escrever parte dos conteúdos sobre o uso e história de algumas plantas. O projeto chama-se “A Recoletora”.
Plantas portuguesas
Tomilho
Uma das plantas preferidas e mais utilizadas pela Fernanda é o Tomilho Bela Luz (Thymus mastichina) português. Basta uma gotinha todos os dias para a mãe da nossa convidada passar o inverno sem constipações ou gripes. Este é só um dos exemplos das plantas medicinais incríveis que conseguimos encontrar em Portugal.
Outro exemplo é o eucalipto, pois é um ótimo aliado para problemas a nível das vias respiratórias.
Cidreira (Melissa officinalis)
Trata-se de uma planta muito nobre, logo menos económica. É conhecida há mais de 2000 anos, dá-se na zona da Europa Meridional. Tem aroma e sabor muito particular, o que a faz destacar-se. É muito utilizada para tratar herpes labial, ajuda a relaxar sistemas nervoso e digestivo.
Laranjeira e Limoeiro
São dois exemplos em que se pode extrair óleos essenciais tanto da flor, como da folha e do fruto. No entanto, ainda não são muito explorados em Portugal. Por outro lado, o eucalipto é bastante utilizado, pois é mais rentável a nível comercial. Para além disso é ótimo para utilizar no nosso frasquinho de “álcool gel”.
Os Óleos Essenciais mais utilizados pela Fernanda
Uma vez que o tema central do IPA são os óleos essenciais, a Fernanda não quis deixar de partilhar connosco os seus óleos essenciais preferidos e indispensáveis. Em primeiro lugar menciona o óleo essencial de flor de laranjeira (neroli) que utiliza como perfume. De seguida partilha connosco os que não podem faltar quando vai de viagem. São eles, a alfazema, por causa dos mosquitos, ajuda a dormir melhor, ajuda a estancar sangue, bom para queimaduras, etc. E a outra é alecrim, pois ajuda a “arrebitar” quando o cansaço aperta. Por outro lado, ajuda a estimular a memória.
As plantas são a base da vida na Terra
Com esta conversa foi possível perceber melhor como se pode utilizar as plantas em tudo na nossa vida. Muito além dos óleos essenciais, as plantas oferecem realmente inúmeros benefícios à saúde humana. Ficamos então com a principal menagem da Fernanda: aprender com a sabedoria dos mais velhos e retornar ao campo para uma vida mais feliz e saudável.