A dor gera medo, o medo da dor gera ainda mais medo. Mas, o medo é bom e a dor também. Quando abraçamos esta verdade, a dor torna-se mais suportável e o medo continua a existir, mas não toma conta de tudo: o importante é não sermos consumidos e governados pelo medo.
É Importante salientar que o medo é uma emoção básica e primária que está intimamente ligada a mecanismos de defesa e sobrevivência. Esta emoção protege-nos do perigo e tem influência no funcionamento biológico do nosso corpo. Ou seja, o medo influencia a produção hormonal e isso terá uma influência no processo do trabalho de parto.
Contudo, apesar de ser normal não significa que as mulheres tenham de sofrer e passar por este momento sozinhas.
Os profissionais de saúde devem ouvir, informar e apoiar as grávidas primando sempre por um parto o mais humanizado possível.
Nos tempos em que vivemos, toda esta questão se tem agravado. Muitos dos direitos alcançados para as grávidas foram colocados em causa. Sem dúvida que em muitos casos, o medo da dor foi substituído pelo medo do abandono.
Além disso, a grande parte das mulheres cresceram a ouvir histórias mirabolantes sobre o parto. Este é um outro fator que leva a mulher a sofrer antecipadamente.
Como vencer o Medo no Parto através da Aromaterapia ?
A prática do Aromaterapeuta deve estar baseada em compreender o contexto que a pessoa está a passar. Portanto, quando falamos do parto, é preciso entender qual é o medo “exato” que a grávida enfrenta.
Os medos podem ser os mais variados. Por exemplo: medo da dor das contrações, medo do desconhecido, medo de sair do plano de parto, medo da equipa que a irá acompanhar, medo de estar sozinha no momento do parto….
Afinal, qual é realmente o problema?
O primeiro passo é conseguir compreender qual o medo, o que o despoleta e qual a real necessidade da grávida. Assim, é possível fazer uma escolha mais eficaz. Nesta fase, a realização de uma anamnese completa é essencial. É desta forma que o Aromaterapeuta consegue compreender a causa por detrás do medo. Além disso, torna-se mais simples entender qual a verdadeira necessidade da grávida. Estes são os passos essenciais para um aconselhamento adequado, seguro e eficaz.
Para além disso, é possível adaptar a escolha dos óleos essenciais consoante as preferências olfativas da grávida. Esta escolha olfativa deve sempre ser realizada com indicação de um Aromaterapeuta, tendo em consideração a condição de saúde da mesma e o processo de trabalho de parto.
Um óleo essencial mal selecionado pode atrapalhar o processo do trabalho de parto.
Além disso, cada mulher é única e as suas necessidades e medos também. Não há receitas prontas nem “o óleo” milagroso para aliviar a dor da contração.
Existe sim, uma boa seleção de óleos essenciais adequados a cada parturiente.
Associado ao uso da aromaterapia, a grávida deve sempre estar informada sobre os procedimentos seguros a seguir. Os pensamentos e emoções devem também ser trabalhadas ao longo de todo o processo.
Por exemplo: em cada contração a grávida deve pensar que o seu bebé está cada vez mais perto dela ao invés de pensar que não aguenta ou que não consegue.
Trabalhar o mindset é imprescindível!
Irá ajudar a grávida a compreender que o seu corpo é capaz. Na realidade, é em si que estão todas as ferramentas que necessita. Neste sentido, a aromaterapia será uma grande aliada durante o processo de preparação para o parto.
A Aromaterapia pode ajudar no relaxamento, a trabalhar as emoções e a empoderar a mulher para este momento tão intenso da sua vida.
A indicação para recorrer à aromaterapia acontece para proporcionar bem-estar olfativo. Desta forma, favorecerá o sistema nervoso parassimpático através do relaxamento. Por conseguinte, reduzirá o estímulo do sistema nervoso simpático (tensão, medo e ansiedade) a fim de inibir a libertação de neurotransmissores e hormonas do stress.
Para este fim podem ser utilizados vários óleos essenciais como:
- Lavanda (Lavandula angustifolia)
- Bergamota (Citrus bergamia)
- Cedro (Juniperus virigiana)
- Incenso (Carterii boswellia)
- Camomila Romana (Anthemis nobilis)
- Laranja (Citrus sinesis)
- Rosa (Rosa damascena)
Note-se que esta seleção deve sempre ser realizada de acordo com o que já foi mencionado.
No processo de trabalho de parto, é também possível recorrer à aromaterapia para aliviar dores e criar um ambiente propício ao desenrolar do mesmo.
Por exemplo:
- os óleos vegetais são bons aliados para fazer uma massagem
- os hidrolatos para compressas ou banhos aromáticos
- a difusão ativa e passiva para criar um ambiente agradável à grávida.
O mais importante é que a escolha traga maior conforto à grávida e que se adeque ao local de parto.
As possibilidades são muitas, o importante é procurar um acompanhamento que ajude a encontrar o mais adequado.
Atualmente existem já evidências de que o uso da aromaterapia no parto, num contexto de parto humanizado em que o suporte à mulher é contínuo, pode ajudar em vários níveis: redução dos níveis de dor (YAZDKHASTI E PIRAK, 2016; ESMAELZADEH-SAEIEH et. al., 2018; TANVISUT et. al., 2018; VAKILIAN et. al, 2018), redução dos níveis de ansiedade e dor (TABATABAEICHERHR E MORTAZAVI 2020), redução de dor e duração do trabalho de parto (CHEN et. al, 2019).
Em suma, são muitos os benefícios de recorrer à aromaterapia no trabalho de parto:
- É segura e eficiente apresentando efeitos positivos na redução da dor e ansiedade
- É fácil de implementar sendo uma prática acessível e viável economicamente
- Pode ser uma grande aliada para enfermeiros e equipa proporcionarem um ambiente tranquilo e acolhedor para as parturientes.
Sílvia Lima e Tatiana Catoja
Uma resposta
Sou a Fernanda Da Silva, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor, parabéns nota 10.
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