Será possível a utilização de óleos essenciais por um doente oncológico? Será esta uma questão polémica? Quando é possível essa utilização? Estas são algumas das muitas perguntas que podem surgir em qualquer um de nós.
No episódio desta semana conversamos sobre duas Aromaterapeutas do Núcleo de Oncologia que nos vão ajudar a entender todas estas questões.
Quem é a Natércia Mateus?
A Natércia foi diagnosticada com cancro da mama em 2018. Iniciou os tratamentos e depois de fazer mastectomia, sentiu-se um pouco perdida. Sentia que a medicina não respondia a todas as necessidades que a própria Natércia tinha. Iniciou logo um processo de formação em nutrição, seguindo-se várias formações em particular em Aromaterapia. Por curiosidade foi a Jaquelina que falou deste tipo de terapia à Natércia, uma vez que se encontraram em tratamentos. A Aromaterapia tem sido uma ajuda preciosa no processo de cura da Natércia. Após ter feito o curso e Aromaterapia no IPA, ajudou a fundar o Núcleo de Oncologia.
Quem é a Jaquelina Oliveira?
Tem 47 anos, descobriu a Aromaterapia depois de ser diagnosticada com doença oncológica. Procurou soluções naturais para melhorar o seu estar físico e emocional. Experienciou os benefícios da Aromaterapia durante a recuperação, ou seja, durante uma fase posterior aos tratamentos. Em diversas utilizações percebeu o quão importante estava a ser a aromaterapia o que a levou a querer aprender mais sobre o tema. Tornou-se então Aromaterapeuta certificada, sendo também membro fundador do IPA. A Jaquelina sempre mostrou uma vontade muito grande de partilhar estes conhecimentos com outros doentes oncológicos, mostrando que é possível utilizar óleos essenciais, óleos vegetais, hidrolatos… no dia-a-dia.
Quando se deve começar a utilizar Aromaterapia?
Na opinião da Natércia, mal se tenha conhecimento do diagnóstico, é possível utilizar os óleos essenciais de forma a ajudarem na parte emocional. Encontrar o equilíbrio emocional é fundamental para atravessar esta fase mais complicada. Ainda para mais, é normal sentir medo, angústia, stress e ansiedade. Ao começar os tratamentos no hospital, também é possível recorrer à Aromaterapia. Isto, porque surge o cansaço e insónias, por exemplo. Os óleos essenciais terão aqui um papel importante, pois permitem minimizar alguns destes sintomas causados pelos tratamentos. Outros sintomas recorrentes são enfraquecimento das unhas, obstipação, diarreias, etc.
Em suma, podemos recorrer à Aromaterapia em qualquer uma das fases. Como é óbvio é necessário comunicar ao médico tudo o que estamos a fazer. Não se deve tomar decisão nenhuma sem antes conversar com o mesmo. Para além disto, é muito importante consultar um Aromaterapeuta. Isto, porque os óleos essenciais utilizados de forma incorreta também podem ser prejudiciais para a nossa saúde.
Em que situações o doente oncológico deve pensar em recorrer à Aromaterapia?
Quais são os sinais de alerta? Em que momento o doente oncológico deve pensar em utilizar óleos essenciais. Não como alternativa, mas sim, como complemento aos tratamentos de quimioterapia e radioterapia?
A Jaquelina refere que alguns dos sinais de alerta são, por exemplo, quando a pele fica muito seca devido a alguns tratamentos. Nesta situação pode utilizar-se óleos vegetais que acalmam e ajudam na secura extrema da pele. Por outro lado, também se poderá utilizar lavanda, camomila romana entre outros em difusão, para promover estados de espírito mais calmos e tranquilos. Durante a cicatrização, também se poderá utilizar alguns óleos essenciais, nomeadamente rosa mosqueta ou lavanda angustifólia.
Já existe uma abertura dos doentes oncológicos para a Aromaterapia?
A Natércia, como doente oncológica, sente que os doentes na mesma situação são mais ativos do que passivos. Ou seja, estas pessoas sentem necessidade de encontrar alternativas para melhorar os efeitos secundários dos tratamentos muito agressivos. O poder da comunidade é muito forte, sendo que a Aromaterapia tem ganho uma grande visibilidade neste meio.
A Medicina é fundamental neste percurso, no entanto, há soluções alternativas muito boas para complementar os tratamentos tradicionais. Para além disso, cada vez mais, sabe-se que o cancro está muito ligado ao emocional. Por isso, é tão normal vermos os doentes a preocuparem-se tanto com o seu bem-estar psicológico.
Ao mesmo tempo ainda existe um grande desconhecimento da Aromaterapia
Quem não conhece a Aromaterapia não recorre a estas terapias obviamente por desconhecimento. O que se deduz é que provavelmente estas pessoas teriam optado por soluções naturais se tivessem conhecimento das mesmas. Para a Jaquelina, o Aromaterapeuta tem um papel preponderante nesta situação, muito através da divulgação. É importante dar a conhecer e tranquilizar as pessoas. Informá-las e formá-las para que não tenham medo desta terapia.
Não é só o doente oncológico que necessita de apoio, mas também toda a sua família
A Natércia defende que é muito importante que o doente oncológico seja responsável pelo seu processo de cura. Informar-se a fundo sobre as várias questões, de forma a criar o seu próprio caminho.
Por outro lado, a Jaquelina reforça o papel importante das soluções naturais no tratamento dos sintomas secundários. Os óleos essenciais podem mesmo ajudar tanto a nível físico como psicológico. E podem também ajudar tanto o doente, como também, toda a sua família.
A mensagem principal e final é: Não desistir! Há situações difíceis, complicadas, mas é possível ultrapassá-las. As nossas convidadas são exemplo disso.